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Varizes na gravidez: entenda as causas e como preveni-las

gestante varizes

Olá meninas! Quando estamos grávidas acontecem inúmeras mudanças no nosso organismo e, muitas vezes, a gravidez é acompanhada de alterações não muito agradáveis como o surgimento de varizes. Isso aconteceu comigo e talvez esteja acontecendo também com você que está lendo esse post.

Eu já tinha tendência a ter pequenos vasinhos nas pernas, mas depois da minha gestação as varizes apareceram mesmo! Confesso que durante a gravidez não dei muita atenção a isto e hoje percebo que talvez pudesse ter evitado ou minimizado o aparecimento delas.

Para entendermos mais sobre o assunto, convidei o médico Rogério Abdo Neser, especialista em cirurgia vascular e professor da Santa Casa de São Paulo, a esclarecer o tema para nós. Ele nos enviou este artigo super esclarecer e com dicas para as gestantes. Com a palavra, o Dr. Rogério: 

Varizes na Gravidez: são comuns? Por que isso acontece? É possível evitar? Conheça as dicas para uma circulação saudável na gestação 

gravidez é um período ímpar no universo feminino e promove profundas mudanças no corpo da mulher com um objetivo único: o preparo para o parto. Entretanto, esse momento pode desencadear algumas condições não muito desejáveis como o desenvolvimento de varizes nas pernas, um fenômeno bastante comum que acomete 40% das mulheres. Mas calma, não se desespere, esse número pode parecer alto mas compreende desde o aparecimento de pequenos vasinhos até o desenvolvimento de varizes bem salientes que, felizmente, são a minoria.

Por que ocorrem varizes durante a gravidez? 

Existem vários fatores relacionados ao surgimento das varizes durante a gestação, alguns “controláveis” e outros não. Dois destes fatores, que são os mais importantes, não estão sob nosso controle. São eles: a genética e a idade. 

História familiar 

Nosso código genético, ou seja, as informações contidas no nosso DNA, são uma marca registrada de quase tudo o que acontece no nosso corpo e mesmo com toda tecnologia e conhecimento científico que temos hoje em dia, não é possível alterar esse código genético. Portanto, caso alguém tenha familiares que apresentem varizes, principalmente parentes próximos, maior a chance de se desenvolverem as varizes.

Estudo publicado em uma revista médica importante mostrou uma chance de 92% de uma pessoa apresentar varizes caso o pai e a mãe tenham a doença, 25% para os homens e 62% para as mulheres, caso um dos pais sejam portadores e 20% se não houver a ocorrência em nenhum dos pais. Essa relação é válida para a população em geral, não só para as grávidas, mas ressalta o papel da genética na origem do problema. 

Idade

Apesar da idade reprodutiva das mulheres ser até quarenta e poucos anos, condição considerada jovem se pensarmos em termos de tempo de sobrevida dos humanos, quanto mais idade a grávida tiver, também maiores as chances de desenvolvimento das varizes. Portanto, apesar de não ser garantia de não aparecimento de varizes, gestações mais precoces (obviamente planejadas com responsabilidade) tendem a produzir menos varizes que as mais tardias. 

Fatores hormonais 

Além da genética e da idade, o progressivo aumento de um hormônio extremamente importante para a manutenção da gestação, a progesterona, produz modificações nos vasos sanguíneos, fazendo com que as veias das pernas fiquem mais flácidas, gerando um fator a mais para o aparecimento ou agravamento de varizes nos membros inferiores.

Existem estudos que já demonstraram receptores específicos para os hormônios femininos em varizes de algumas mulheres. Isso pode explicar parcialmente a preponderância das varizes no sexo feminino em comparação com o sexo masculino e de alguma forma justificar o desenvolvimento de varizes nas gestantes. A boa notícia é que logo após o parto, esse hormônio diminui drasticamente, facilitando a circulação venosa nas pernas. 

Volume uterino 

O volume uterino também contribui para o aparecimento das varizes na gravidez, principalmente no fim do segundo e início do terceiro trimestre da gestação, com o crescimento rápido do feto neste período.

Esse aumento do útero provoca uma compressão nas veias do abdome, dificultando a circulação venosa das pernas, já que todo o sangue proveniente dos membros inferiores naturalmente tem que passar por veias abdominais no seu caminho até o coração.

Até aqui só desespero, certo?

Nem tanto. Caso a gestante siga adequadamente as orientações médicas, tanto do seu obstetra quanto de nós, cirurgiões vasculares, sua condição pode ser bem melhor do que parece. Claro que não há o que fazer quanto à genética, idade, aumento progressivo de progesterona e aumento do tamanho do útero.

No entanto, essas orientações podem fazer diferença:

  1. Pratique atividade física durante a gestação
    Exercícios físicos moderados ajudam a tonificar as veias das pernas e assim o sangue circula melhor, diminuindo o impacto do relaxamento natural das veias provocado pela progesterona circulante. Mas cuidado, consulte seu obstetra antes de iniciar atividades físicas para certificar-se que sua gravidez não é de risco, condição que pode ser uma contraindicação absoluta para exercícios físicos. 
  1. Controle seu peso
    Engordar somente o desejável tende a não agravar a compressão das veias do abdome já devidamente comprimidas pelo útero. Dessa forma, suas veias sofrem menos e sua chance de ter ou provocar uma piora nas varizes pré-existentes diminui.
  1. Evite permanecer muitas horas sentada ou em pé
    Condições de imobilidade por longos períodos, em pé ou sentada, geram uma dificuldade na circulação venosa das pernas. Isto ocorre porque a movimentação dos músculos das pernas, mesmo em pequenas caminhadas, ajuda bastante o retorno venoso, e evita a sobrecarga de pressão nas veias dos membros inferiores. A ação da gravidade também contribui para o aumento das varizes, portanto, evite a permanência em pé ou com as pernas penduradas por períodos prolongados. 
  1. Deite-se do lado esquerdo
    Deitar de lado e sobre o lado esquerdo do corpo evita a compressão de uma veia muito importante no abdome, chamada veia cava inferior, que fica do lado direito da coluna vertebral. Assim, deite para o lado contrário ao da veia cava. No terceiro trimestre, principalmente no final deste período, o volume e o peso do feto e do útero podem lentificar bastante a circulação do sangue das pernas e se houver uma pressão ainda maior ao deitar de costas ou do lado direito, o problema pode ser agravado. 
  1. Eleve as pernas sempre que possível
    O velho e bom conselho de colocar as pernas para cima não evita o aparecimento de varizes, porém certamente vai melhorar os sintomas de peso, cansaço e inchaço principalmente do final da gestação.

Medicamentos para circulação

Frequentemente recebo no consultório grávidas no início da gestação desejosas em tomarem “remédios milagrosos” para não terem varizes na gravidez. Lamento informar que isto não existe.

Os medicamentos para circulação apenas auxiliam no alívio dos sintomas, ou seja, ajudam a controlar o peso e cansaço nas pernas e eventualmente o inchaço nos tornozelos. Além disso, medicamentos devem ser evitados na gravidez, exceto aqueles estritamente necessários somente com orientação médica.

Meias elásticas

Apesar de altamente recomendadas durante a gestação, o uso de meias elásticas não previne o aparecimento ou agravamento das varizes nas pernas, nem na gestação nem fora dela. As meias ajudam bastante no controle dos sintomas, apenas isso. Pode ser difícil no começo, mas quem é persistente adapta-se rapidamente e logo percebe os benefícios.

Entretanto existem certas regras que devem ser seguidas. A maneira correta de usar as meias elásticas é calçá-las pela manhã e ficar o máximo de tempo com elas, preferencialmente até o fim do dia. O que oriento às minhas pacientes é que façam seu toalete e banho e após isso coloquem as meias.

Outra dúvida comum é sobre a extensão das meias. Precisa ser meia calça? Para alívio de muitas mulheres as meias até o joelho, ou seja, as meias 3/4, são suficientes. Porém, se você preferir uma meia 7/8 ou meia calça, vá em frente, aí é questão de opção.

Mas lembre-se: meias de compressão devem ser vendidas com receita médica, portanto, consulte um médico, preferencialmente um cirurgião vascular para saber qual compressão usar. E na hora de comprar, o vendedor deve tomar as medidas da sua perna, afinal uma meia para alguém de 1,5m de altura não é a mesma para uma grávida de 1,8m.

Para finalizar, vale dizer que as varizes tendem a diminuir bastante após o parto, portanto somente depois de cerca de três meses após dar à luz é possível saber se você precisará de algum tratamento específico como cirurgia ou somente aplicações para os vasinhos que sobraram.

Rogerio Abdo Neser

O médico Rogério Abdo Neser é especialista em cirurgia vascular e referência no tratamento das doenças vasculares. Também é professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e autor do site Varizes.net.br.

Espero que essas informações sejam bastante úteis para você que é mãe, grávida ou tentante. Gostou das dicas? Compartilhe esse post com suas amigas também!

Vejam também “8 dicas para se preparar para a chegada do recém-nascido” 

Beijos, da Mamãe Prática Fabi

Foto: Estúdio Roni Sanches

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